CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM SOBRE CONSERVAÇÃO DE VACINAS

Sección: Originales

Cómo citar este artículo

Do Nascimento Cunha MW, Brandão de Oliveira IM, Oliveira da Cunha J, da Conceição Araújo D, Brito Leal I, Dantas dos Santos A. Cohecimiento dos profissionais de enfermagen sobre conservação de vacinas. Rev. iberoam. Educ. investi. Enferm. 2020; 10(1):7-17.

Autores

1 Maria Wiliane do Nascimento Cunha, 2 Ingrid Milena Brandão de Oliveira, 3 Jéssica Oliveira da Cunha, 4 Damião da Conceição Araújo, 1 Iane Brito Leal, 5 Allan Dantas dos Santos

1 Mestranda em Biologia Parasitária pela Universidade Federal de Sergipe/Brasil. Aracaju. Sergipe (Brasil).
2 Enfermeira pela Universidade Federal de Sergipe/Brasil. Aracaju. Sergipe (Brasil).
3 Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal de Sergipe/Brasil. Aracaju. Sergipe (Brasil).
4 Doutorando em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Sergipe/Brasil. Aracaju. Sergipe (Brasil).
5 Doutor em Ciências da Saúde/UFS; Mestre em Biologia Parasitária pela Universidade Federal de Sergipe/Brasil. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Aracaju. Sergipe (Brasil).

Contacto:

Email: wilianecunha7@gmail.com

Titulo:

CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM SOBRE CONSERVAÇÃO DE VACINAS

Resumen

Introducción/objetivo: la inmunización es una medida sanitaria importante para la prevención de enfermedades transmisibles. Por lo tanto, las instalaciones, el equipo y las prácticas de los profesionales de la salud deben ser adecuados para proporcionar una atención equitativa y eficaz. El estudio tenía como objetivo describir el conocimiento de los profesionales de enfermería en las salas de vacunación de un municipio situado en la región centro-sur del estado de Sergipe, Brasil.
Método: estudio de caso múltiple y descriptivo, aprobado por el comité de ética en investigación con seres humanos bajo dictamen favorable del Comité de Ética en Investigación de número 1.586.177. Se realizó en ocho salas de vacunación de dicho municipio en el periodo de 2015 a 2016. La muestra no fue probabilística por conveniencia y estuvo compuesta por 14 profesionales de enfermería. Se aplicó un instrumento de recolección de datos que contenía informaciones sobre las prácticas de los profesionales que trabajan en las salas de vacuna del municipio en estudio. Los datos se escribieron en un banco computarizado de Microsoft Excel para Windows 2013 y se analizaron con el programa Bioestad 5.3.
Resultados: alrededor del 57% alcanzó el rango de temperatura adecuado para las vacunas. En cuanto a la distribución interna del frigorífico, el 92,86% sabe lo que debe haber en el congelador y en el primer estante, el 78,5% en el cajón y el 64,2% en la puerta. Alrededor del 64% de las vacunas podría mantenerse a temperatura cero y el 39,2% nunca puede ser sometida a temperaturas negativas.
Discusión: el equipo de vacunación ha de estar formado por la enfermera y el técnico o asistente de enfermería, y es ideal presentar dos vacunadores para cada turno de trabajo. Por otro lado, se constató que las Unidades de Salud solo contienen al técnico o asistente de enfermería en las salas de vacunación para el desarrollo de las actividades.
Conclusión: muchos profesionales no tenían conocimientos básicos sobre la conservación de las vacunas.

Palabras clave:

vacunación; investigación en servicios de salud Enfermería

Title:

Knowledge about vaccine conservation among nurses

Abstract:

ABSTRACT
Introduction: immunization is an important healthcare measure to prevent communicable diseases. Thus, facilities, equipment, and practices by healthcare professionals must be appropriate to provide equitable and effective care. Our study aimed at describing the knowledge about vaccine conservation among nurses in immunization rooms in a township in Central-Southern Sergipe State, Brazil.
Methods: a descriptive, multiple case study, which was approved by the Ethics Committee on Human Being Research (number 1 586 177). The study was carried out in eight immunization rooms in the township, from 2015 to 2016. A non-probabilistic, convenience sample with 14 nurses was used. A data collection tool with details on daily practice by nursing professionals working in immunization rooms in the township was used. Data were entered in a computerized database in Microsoft Excel for Windows 2013; Bioestad software 5.3 was used for all analyses.
Results: the appropriate temperature range for vaccines was established by about 57% of participants. Regarding internal arrangement of refrigerators, 92.86% of participants knew the items to be placed in the freezer and first shell, 78.5% the ones to be placed in the drawer, and 64.2% the items to be placed in the door. About 64% of vaccines could be stored at zero degrees and 39.2% should never be stored at negative temperatures.
Discussion: immunization teams should include a nurse and a technician or nursing assistant, and, ideally, two people administering vaccines should be available in each work shift. Nevertheless, it was observed that Healthcare Units have only a technician or nursing assistant in immunization rooms to perform all activities.
Conclusion: many professionals did not have a basic knowledge on vaccine conservation.

Keywords:

vaccination; healthcare researchnursing

Portugues

Título:

Conocimiento de profesionales de enfermería sobre la conservación de vacunas

Resumo:

Introdução/objetivo: a imunização é uma importante medida de saúde para a prevenção de doenças transmissíveis. Desta forma, as instalações, equipamentos e práticas dos profissionais de saúde devem ser adequados para proporcionar atendimento equânime e eficaz. O estudo objetivou descrever o conhecimento dos profissionais de enfermagem em salas de vacinação de um município localizado na região centro-sul do estado de Sergipe, Brasil.
Método: estudo de caso múltiplo e descritivo, realizado em oito salas de vacinação do referido município no período de 2015 a 2016. A amostra foi não probabilística por conveniência composta por 14 profissionais de enfermagem. Os dados foram digitados em um banco computadorizado do Microsoft Excel for Windows 2013 e analisados com o programa Bioestat5.3.
Resultados: cerca de 57% acertaram o intervalo adequado de temperatura para as vacinas. Quanto à distribuição interna da geladeira, 92,86% sabem o que deve estar no congelador e na primeira prateleira, 78,5% na gaveta e 64,2% na porta. Em torno de 64% acertaram as vacinas que podiam ser mantidas na temperatura de zero grau e 39,2% as que nunca podem ser submetidas a temperaturas negativas.
Discussão: a equipe de vacinação deve ser formada pelo enfermeiro e pelo técnico ou auxiliar de enfermagem, sendo ideal a presença de dois vacinadores para cada turno de trabalho. Em contrapartida, verificou-se que as Unidades de Saúde possuíam nas salas de vacinação somente o técnico ou auxiliar de enfermagem para o desenvolvimento das atividades.
Conclusão: muitos profissionais não tinham conhecimentos básicos sobre conservação de vacinas.

Palavras-chave:

vacinação; pesquisa sobre serviços de saúdeenfermagem

Introdução
Os imunobiológicos são uma das maiores conquistas da Saúde Pública no século XX, tendo contribuído para a redução significativa da morbimortalidade por doenças infecciosas no Brasil (1). No entanto para garantir a qualidade, eficácia e efetividade, e continuar com êxitos, as vacinas devem ser mantidas em instalações e equipamentos adequados conforme preconizado pelo ministério da saúde. Além disso, é necessário que os profissionais de saúde possuam conhecimentos suficientes para a manutenção e o cuidado durante todos os quesitos que envolvem as atividades rotineiras em salas de vacina (2), o que isso requer atualizações constantes e muito empenho das equipes de saúde envolvidas nessas atividades.
Considerando que a instância local da Rede de Frio é a sala de vacina, esta deve atender as normativas e padrões do Ministério da Saúde (MS) (2). E para acompanhar o cumprimento dessas normativas, é necessário o processo de avaliação a respeito de como as equipes estão atuando para melhor entender e poder intervir, que consiste em um processo crítico-reflexivo, contínuo e sistemático sobre as práticas adotadas pelos profissionais e os processos desenvolvidos no âmbito da saúde (3).
Os imunobiológicos são considerados produtos termolábeis, ou seja, quando expostos a temperaturas abaixo ou acima do preconizado estas sofrem alterações e perde sua capacidade de produzir a resposta imunogênica, diante disso é possível mostrar a importância de um profissional atuante em sala de vacina saber o intervalo ideal de conservação das vacinas.
É valido ressaltar a importância e o papel primordial que a equipe de enfermagem desenvolve nas ações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) desde a sua implantação na atenção primária, como também na manutenção e administração das rotinas da sala de vacinação (4) .Desta forma, tornam-se necessários estudos que avaliem o conhecimento dos profissionais da enfermagem no setor da sala de vacinação com vistas a melhorar a qualidade da assistência.
Destarte, objetivou-se descrever o conhecimento dos profissionais de enfermagem em salas de vacinação a respeito da conservação dos imunobiológicos de um município localizado na região centro-sul do estado de Sergipe.

Métodos
Delineamento e local do estudo
Trata-se de um estudo de caso múltiplo descritivo, realizado no município de Itabaiana, estado de Sergipe, que contém 26 salas de vacinação, distribuídas entre as zonas rural e urbana. Contudo, o total de 08 salas localizadas na zona urbana fizeram parte do universo da pesquisa por estarem em funcionamento diário.
Amostra, variáveis e instrumento de coleta de dados
A amostra foi não probabilística por conveniência constituída por 14 profissionais de enfermagem. As variáveis de estudo foram relacionadas ao processo de transporte e recebimento, armazenamento, manutenção e acondicionamento dos imunobiológicos, itens esses que estão em um instrumento denominado programa de avaliação e instrumento de supervisão em salas de vacinação do programa nacional de imunização (PAISSV-PNI), validado desde 2003 pelo Ministério da Saúde.
O período de coleta de dados transcorreu entre maio e julho de 2016, aplicando-se um formulário padronizado e adaptado (5)com o total de 10 questões que possuía informações sobre a identificação do profissional, monitoramento de temperatura, organização interna do refrigerador e conhecimento sobre produtos estáveis/não estáveis a baixas temperaturas.
Sistemática de coleta de dados
Inicialmente, os pesquisadores entraram em contato com a Secretária Municipal de Saúde do município de Itabaiana, para realizar o levantamento de quantas salas de vacinação estavam em funcionamento e o total de profissionais. Posteriormente, os profissionais foram visitados para o recrutamento, solicitação da participação no estudo por meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Os questionários foram entregues em envelopes com codificação numérica para a preservação da identidade dos participantes, e foram recolhidos após o término da entrevista.
Análise dos dados
Os dados foram armazenados em um banco de dados computadorizado do programa Microsoft Excel for Windows 2013e analisados com o auxílio Bioestat 5.3. As variáveis categóricas e numéricas foram descritas em frequência absoluta e relativa.
Aspectos éticos
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Sergipe sob o número 1.586.177.

Resultados
A amostra constituiu-se de 14 profissionais com o seguinte perfil: enfermeiros (42,8%), técnicos (50,0%) e auxiliares de enfermagem (7,2%).No tocante ao tempo de formação e de trabalho em sala de vacinação dos profissionais houve, respectivamente, uma média de ±12,84 anos e de ±7 anos.
Os profissionais de enfermagem informaram que participaram de capacitação específica em sala de vacinas há ±1,54 anos (64,2%) e 35,8% outros não foram submetidos a nenhum treinamento.
Os dados da Tabela 1 revelam a rotina dos profissionais referentes ao processo de transporte e recebimento dos imunobiológicos. Os entrevistados informaram que a frequência de recebimento das vacinas é mensal, sendo que o transporte é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde. A caixa térmica para o acondicionamento não possui termômetro, contudo é disponibilizado pela unidade. No recebimento das vacinas, os profissionais verificam o guia de remessa e devolve ao responsável, no entanto não registra a temperatura e quando o procedimento é realizado, o pessoal auxiliar/técnico de enfermagem são os responsáveis.
No que se refere ao armazenamento e manutenção dos imunobiológicos, os profissionais informaram que a sala de vacina possui termômetro na geladeira e a temperatura é verificada mais de duas vezes por dia como rotina. O registro da temperatura é realizado em impresso próprio disponibilizado pela secretária de saúde e a manutenção do fluxo deve ser de 2 ºC a 8 ºC.Quando a temperatura oscila entre os valores recomendados, os profissionais notificam para as unidades de vigilância (Tabela 2).
Um assunto igualmente relevante é o conhecimento dos profissionais sobre a estabilidade das vacinas de acordo com a temperatura (acima ou abaixo de zero). A Tabela 3 aborda questões de conhecimento sobre essa temática, mostrando a distribuição dos acertos.
Foi questionado também sobre o conhecimento acerca do tempo que as vacinas multidoses podem ficar abertas e serem utilizadas. O resultado desse levantamento encontra-se na Tabela 4.

Na Tabela 5 encontra-se descrita a rotina de organização da sala de vacina e das geladeiras. Verificou-se que a maioria dos profissionais organizam os materiais da seguinte forma: no congelador é posto a bobina de gelo, a primeira prateleira contém as vacinas do tipo viral, na parte inferior garrafas, nas portas nenhum material é acondicionado e o sensor de temperatura é colocado na segunda prateleira.

Discussão
Este estudo faz parte de um base line para avaliação das salas de vacinação no interior do estado de Sergipe. O interesse pela temática emergiu da perspectiva da importância da atuação da enfermagem frente a administração e cuidados com os imunobiológicos. Além disso, a imunização, no Brasil, é uma ação prioritária dos Serviços da Atenção Primária à Saúde, desde a implementação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) (4,6), considerado como relevante intervenção em saúde pública por ter como objetivo o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imunopreveníveis (6).
Segundo normas do Ministério da Saúde, a equipe de vacinação deve ser formada pelo enfermeiro e pelo técnico ou auxiliar de enfermagem, sendo ideal a presença de dois vacinadores para cada turno de trabalho (6). Em contrapartida, verificou-se que as Unidades de Saúde possuíam nas salas de vacinação somente o técnico ou auxiliar de enfermagem para o desenvolvimento das atividades. Essa conformação encontrada pode comprometer o serviço, uma vez que aumenta o risco de erros na gestão do cuidado em decorrência da sobrecarga de trabalho (6,7).
No tocante a capacitação e treinamento para atuação nas salas de vacinação, observou-se que os profissionais de enfermagem possuíam cerca de um ano que foram treinados, e outros que não passaram por nenhum treinamento. Isso afeta significativamente o processo de cuidado, pois os conteúdos que são estudados na formação são atualizados, sendo essencial a educação continuada (8,9,10).
Visando um fluxo organizado dos trabalhos nas salas de vacinas, é necessária programação para o recebimento dos imunobiológicos. Os resultado desta pesquisa, como estudo realizado em São Paulo (11), revelam que a maioria das unidades recebem a grade de rotina vacinal mensalmente. O aumento da frequência de transporte das vacinas gera aumento dos custos, porém, reduz a sobrecarga da Rede de Frios e de perdas de imunobiológicos devido a quedas de energia (1).
O setor responsável pelo transporte dos imunobiológicos indicados pelos profissionais foia Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Além disso, a maior parte dos entrevistados informaram que as caixas térmicas que chegam à UBS não estavam providas de termômetro, além disso, metade das unidades de saúde cuja caixa térmica estava sem termômetro incluía o dispositivo no momento do recebimento. Isso é considerado um grande risco para a preservação e manutenção da efetividade das vacinas, uma vez que são termolábeis, ou seja, sofrem alterações em sua composição se mantidas em temperaturas diferentes das especificadas (12).
O transporte dos imunobiológicos entre as instâncias regional e local deve ser realizado à temperatura positiva, para isso, são utilizadas caixas térmicas, com bobinas reutilizáveis, visando assegurar a temperatura de conservação dos produtos, sendo necessário o monitoramento contínuo da temperatura no interior das caixas durante todo o processo de transporte da carga (2).
Os serviços de imunização seguem normas e orientações do Ministério da Saúde. Contudo, é de competência dos estados e municípios o processo de estruturação, organização e implementação. Importante destacar que os municípios têm papel fundamental no planejamento da cobertura vacinal ao nível local de saúde. Desta forma, é responsabilidade dos municípios estruturar locais adequados para a conservação e administração das vacinas, bem como de profissionais de enfermagem capacitados (6,7,13,14).
Além do termômetro, as caixas devem vir acompanhadas de guia de remessa, isso ocorreu em 71,4%das unidades. O guia de remessa deve ser utilizado na recepção de vacinas, em que o profissional deve verificar a conformidade da requisição com a guia, observando a designação e quantidade, conferência dos números de lote e prazos de validade, verificação da temperatura das vacinas que estão sendo recepcionadas (15).
Apesar da grande relevância de monitorar as variações de temperatura dos imunobiológicos, a maioria não registra a temperatura no momento da chegada da caixa térmica na UBS. A importância da verificação da temperatura das caixas térmicas justifica-se pelo fato de as bobinas de gelo funcionarem como receptor de calor do ar e das vacinas (16).
A grande maioria das geladeiras possuem termômetro do tipo que registra as temperaturas do momento, e os valores máximo e mínimo. Esse número encontra-se menor do que o encontrado em pesquisa realizada em Fortaleza, onde 100% das geladeiras estavam sendo monitoradas por esse mesmo tipo de termômetro (17).
Os resultados deste estudo revelaram que a temperatura do refrigerador de todas as UBS é lida numa frequência maior ou igual a duas vezes por dia, registrando em impresso proveniente da secretaria de saúde, corroborando com dados de outra pesquisa(¹). A leitura do termômetro e registro da temperatura são importantes para assegurar a potência e imunogenicidade das vacinas durante a permanência nas UBS (2).
Para monitorar a temperatura, é necessário ter o conhecimento sobre o intervalo aceitável de sua variação. Nesse estudo, mais da metade dos participantes acertaram o intervalo aceitável de temperatura para a manutenção da estabilidade dos imunobiológicos, que é de +2 °C à +8 °C.Ainda que os acertos sejam majoritários, é preocupante que entrevistados não saibam a temperatura de conservação de vacinas na rede local (18). Esse intervalo deve ser preservado em para que se possa assegurar a sua qualidade, sendo imprescindível o controle diário de temperatura (2).
A qualidade do imunobiológico depende, entre outras variáveis, de temperaturas controladas, desde sua produção até seu uso (2). Nessa pesquisa, a maioria dos profissionais tinham informação sobre quais vacinas podiam ser congeladas (maioria das vacinas vivas atenuadas). Vacinas contendo alumínio como adjuvante, bem como vacinas adsorvidas, podem perder potência se congeladas (19).
As geladeiras que compõem as salas de vacina desta pesquisa são do tipo doméstica, estando em desconformidade com as recomendações do Ministério da Saúde, o qual afirma que os refrigeradores de uso doméstico, projetados para a conservação de alimentos e produtos que não demandam precisão no ajuste da temperatura, não são mais indicados para o armazenamento e conservação dos imunobiológicos, devendo ser substituídas por câmaras refrigeradas cadastradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (4).
O degelo e a limpeza do refrigerador devem ser realizados a cada 15 dias ou quando a camada de gelo atinge 0,5 cm (14), essa periodicidade é seguida pelas unidades. Outros estudos ratificam essa frequência de limpeza (≥ 1 vez por mês) (1,20). No que se refere aos dias e horários mais frequentes de se realizar a limpeza da geladeira, os dados contradizem o que é preconizado pelo Ministério da Saúde, cuja orientação é realizar os procedimentos de limpeza com estoque reduzido, preferencialmente no início da semana, não devendo realizar a limpeza do equipamento na véspera de feriado prolongado ou ao final da jornada de trabalho (4).
Uma das grandes dificuldades dos profissionais diante dos imunobiológicos é o conhecimento sobre a durabilidade das vacinas após os frascos serem abertos. O prazo de validade das vacinas são: Poliomielite Oral (até cinco dias), SCR (até oito horas), Hepatite B (até 15 dias), BCG (até seis horas), Pentavalente (até cinco dias), DT (até 15 dias) e Febre Amarela (até seis horas) (21).
Para a correta organização dos materiais no interior das geladeiras, é necessário compreender como a mesma é dividida (congelador, três prateleiras, gaveta e porta) e o motivo pelo qual é recomendado a padronização do acondicionamento das vacinas nos seus compartimentos. No congelador é recomenda que as bobinas reutilizáveis sejam armazenados em número suficiente às demandas locais (4). Na grande maioria das salas de vacina deste estudo, encontram-se armazenadas nos congeladores as bobinas com água (gelox), concordando com resultados de outras pesquisas (20,22).
Quanto aos materiais que devem ser armazenados na primeira prateleira, a maioria comentou que dispõe as vacinas virais. Concordando com esses dados, pesquisa mostra que a maioria (73,9%) armazena na primeira prateleira somente vacinas que podem ser submetidas à temperatura negativa (20).Na região inferior das geladeiras é preconizado o uso de garrafas de água com corante para formar massa térmica e promover a recuperação mais rápida da temperatura (4).A atual pesquisa corrobora com essa orientação, bem como outros estudos nessa perspectiva (20,22).
Segundo recomendações, não se deve guardar vacinas na porta e na parte baixa da geladeira (23).Quando perguntado o que é colocado na porta das geladeiras, 64,27% informaram que não há disposição de material nessa área, estando dentro das normalizações, diferentemente de um estudo que verificou a presença de medicamentos na porta 32,8% dos refrigeradores (14).
Quanto a localização do cabo extensor do termômetro dentro da geladeira, preconiza-se a disposição na prateleira central, em pé. Deve-se verificar a temperatura duas vezes ao dia. Neste estudo, menos da metade dos participantes informaram essa correta localização. Ratificando essa localização, o MS informa que no caso de utilização do termômetro digital, posicionar o sensor OUT do cabo extensor no ponto mais central da câmara interna (4,23).

Conclusão
Foi possível perceber que o conhecimento dos profissionais de enfermagem em salas de vacinação do município em estudo possui déficits em áreas que são cruciais para o bom e efetivo desempenho das vacinas, como por exemplo, a manutenção da temperatura e o prazo de validade dos imunobiológicos após abertura dos frascos.
Essa análise diagnóstica inicial pode representar um instrumento para a reordenação da rede de frio das salas de vacinas do município de Itabaiana, Sergipe. Partindo-se do pressuposto de que o controle rigoroso das condições de conservação de vacinas é imprescindível para assegurar a qualidade e a efetividade da imunização. É perceptível a necessidade de se realizar outras pesquisas nessa temática, pois isso pode contribuir para melhoria da qualidade do programa de imunização nas instâncias locais da Rede de Frios e fundamentar a formulação de propostas direcionadas a melhoria dos serviços nessa área.

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