Sección: Originales

Cómo citar este artículo

Dos Santos AM, dos Santos Andrade L, da Silva R, dos Santos Costa J, Soares Alves Nascimento V, Alves Cartaxo Freitas CK, et al. Sintomas de ansiedade e depressão em estudantes universitários da área da saúde. Rev. iberoam. Educ. investi. Enferm. 2022; 12(2):7-15.

Autores

1Anne Manuelle dos Santos, 1Letícia dos Santos Andrade, 1Raniele da Silva, 1Jéssica dos Santos Costa, 2Vanessa Soares Alves Nascimento, 3Carla Kalline Alves Cartaxo Freitas, 4Glebson Moura Silva, 5Andreia Freire de Menezes

1Graduada em Enfermagem. Universidade Federal de Sergipe Campus Professor Antônio Garcia Filho. Lagarto, Sergipe (Brasil)
2Mestre em Enfermagem. Universidade Federal de Sergipe Campus Professor João Cardoso Nascimento. Aracaju,Sergipe (Brasil).
3Doutora em Ciências da Saúde. Professora do Departamento de Enfermagem. Universidade Federal de Sergipe Campus Professor Antônio Garcia Filho. Lagarto. Sergipe (Brasil).
4Doutor em Educação. Professor do Departamento de Enfermagem. Universidade Federal de Sergipe Campus Professor Antônio Garcia Filho. Lagarto. Sergipe (Brasil).
5Doutora em Ciências da Saúde. Professora do Departamento de Enfermagem. Universidade Federal de Sergipe Campus Professor João Cardoso Nascimento. Aracaju. Sergipe (Brasil).

Contacto:

Email: annemanuelle63@gmail.com

Resumo:

Introdução: o estresse na vida universitária vem se tornando cada vez mais evidente. Estima-se que 15 a 25% dos estudantes universitários apresentam algum tipo de transtorno psiquiátrico durante sua graduação, notadamente transtornos depressivos e de ansiedade. Diante disso, este estudo tem como objetivo avaliar a prevalência de sintomas de ansiedade e depressão nos estudantes universitários.

 

Método: estudo observacional, com delineamento transversal e abordagem quantitativa. A coleta de dados aconteceu na sala de cuidados do Campus Universitário Prof. Antônio Garcia Filho, onde a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão foi aplicada.

 

Resultados: foram preenchidos 170 questionários, norteando para as associações: entre sintomas de ansiedade e queixas de dor segundo os estudantes; entre sintomas de ansiedade e queixas de ansiedade segundo os estudantes; entre sintomas de ansiedade e relação das queixas com a metodologia e entre sintomas de depressão e módulo perdido durante a graduação.

 

Discussão: a prevalência de depressão e ansiedade entre os estudantes da área da saúde foi muito superior à de estudantes de outras áreas e da população em geral no Brasil, sendo o sexo feminino o mais acometido. A maior parte dos acadêmicos acreditam que as queixas referidas: dor, ansiedade, estresse e outros sintomas tem a ver com a metodologia aplicada no campus.

 

Conclusão: foi possível identificar que a ansiedade de discreta a moderada, presente nos estudantes universitários foi significativa, podendo associar ao estresse e pressão relacionada à graduação e também a metodologia implantada.

Palavras-chave:

ansiedade; depressão; estudantes; transtornos mentais; aprendizagem baseada em problemas

Titulo:

SINTOMAS DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DA ÁREA DA SAÚDE

Resumen

Introducción: el estrés en la vida universitaria se hace cada vez más evidente. Se estima que entre el 15 y el 25% de los estudiantes universitarios presenta algún tipo de trastorno psiquiátrico durante su formación de pregrado, en particular trastornos depresivos y de ansiedad. Por tanto, este estudio tiene como objetivo evaluar la prevalencia de síntomas de ansiedad y depresión en estudiantes universitarios.

Método: estudio observacional, con diseño transversal y abordaje cuantitativo. La recogida de datos tuvo lugar en la sala de cuidados del Campus Universitário Prof. Antônio Garcia Filho, donde se aplicó la Escala Hospitalaria de Ansiedad y Depresión.

Resultados: fueron recogidos 170 cuestionarios, mostrando asociaciones: entre síntomas de ansiedad y quejas de dolor según los estudiantes; entre síntomas de ansiedad y quejas de ansiedad según los estudiantes; entre síntomas de ansiedad y la relación de quejas con la metodología aplicada y entre síntomas de depresión y módulo perdido durante la sus estudios de pregrado.

Discusión: prevalencia de depresión y ansiedad entre los estudiantes del área de salud fue mucho mayor que la de los estudiantes de otras áreas y la población en general en Brasil, siendo las mujeres las más afectadas. La mayoría de los académicos cree que las quejas mencionadas, dolor, ansiedad, estrés y otros síntomas, tienen que ver con la metodología aplicada en el campus.

Conclusión: se pudo identificar que la ansiedad de leve a moderada, presente en los estudiantes universitarios fue significativa, pudiendo asociarse con el estrés y la presión relacionados con la graduación y también con la metodología implantada. 

Palabras clave:

ansiedad ; depresión ; estudiantes ; desordenes mentales ; Aprendizaje Basado en Problemas

Title:

Anxiety and depression symptoms among university students from the health area

Abstract:

Introduction: stress is becoming increasingly evident in university life. It is estimated that between 15 and 25% of university students present some type of psychiatric disorder during their undergraduate training, particularly depression and anxiety disorders. Therefore, the objective of this study is to evaluate the prevalence of anxiety and depression symptoms in university students.

Method: an observational study, with cross-sectional design and quantitative approach. Data collection was conducted at the care room of the Campus Universitário Prof. Antônio Garcia Filho, where the Hospital Scale for Anxiety and Depression was applied.

Results: in total, 170 questionnaires were collected, and the following associations were found: between anxiety symptoms and pain complaints according to students; between anxiety symptoms and anxiety complaints according to students; between anxiety symptoms and complaints reported with the methodology applied, and between depression symptoms and missed modules during their undergraduate studies.

Discussion: the prevalence of depression and anxiety among students from the health area was much higher than that in students from other areas and the overall population of Brazil, with higher impact on women. Most scholars believed that the complaints mentioned (pain, anxiety, stress and other symptoms) were associated with the methodology applied in the campus.

Conclusion: it was detected that there was a significant mild to moderate anxiety present in university students, and this could be associated with the stress and pressure regarding graduation, and also with the methodology implemented.  

Keywords:

anxiety; depression; mental disorders; problem-based learning

Introdução

O ingresso no ensino superior é um acontecimento, que coincide com um período de desenvolvimento significativo na vida dos jovens, marcado por mudanças importantes (1). A universidade é um espaço de fundamental importância para o desenvolvimento de vida, uma vez que promove a ampliação do rol de habilidades e competências profissionais e pessoais, assim como uma melhora na cognição de seus alunos (2). O estudante participa de forma independente de novas experiências, interagindo com outros sujeitos e, torna-se sujeito ativo no processo de aprendizagem (3).

Segundo Pinho (1), a preocupação com a saúde mental dos estudantes vem desde o início do século XX, pois os alunos ingressam na universidade cada vez mais cedo se deparando com a cobrança e a responsabilidade em ter que definir sua vida profissional. Este período de transição e adaptação a um novo contexto predispõe, de certo modo, a que os estudantes se tornem um grupo de risco para o desenvolvimento de perturbações mentais (4). Tais condições, como ansiedade e depressão, podem se tornar crônicas ou recorrentes, acarretando prejuízos expressivos à capacidade da pessoa de se autocuidar e de realizar suas atividades diárias, impactando na sua qualidade de vida global (5).

No território nacional é importante destacar que o índice de doenças mentais é maior entre os jovens e o grupo específico no qual os diagnósticos de transtornos mentais têm crescido de forma muito expressiva nos últimos anos: são os de estudantes universitários (6). Além disso Costa e Nebel afirma que de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente, os transtornos mentais atingem cerca de 700 milhões de indivíduos em todo o mundo. No Brasil, estima-se que 23 milhões de pessoas sofram com depressão. Atualmente, o Brasil é o quinto país no ranking de pessoas com depressão, e o primeiro no ranking de transtorno de ansiedade (6).

Tensão emocional, desgaste físico e psicológico estão presentes no curso da vida dos indivíduos. O estresse na vida universitária vem se tornando cada vez mais evidente (7). Estima-se que 15 a 25% dos estudantes universitários apresentam algum tipo de transtorno psiquiátrico durante sua graduação, notadamente transtornos depressivos e de ansiedade (8).

A ansiedade trata-se de uma experiência universal humana caracterizada por sentimentos relacionados a medo, apreensão, tensão iminente ou inquietação (9). Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais V (10) os transtornos de ansiedade incluem características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais e se diferenciam do medo ou da ansiedade passageira por persistirem além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento. Já os transtornos depressivos se caracterizam pela presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam a capacidade de funcionamento do organismo (10).

O ingresso na universidade traz consigo grandes mudanças para os estudantes. O ritmo de vida torna-se mais intenso, a carga horaria de estudos mais elevada, e muitas vezes ocorre o distanciamento da família, bem como a imposição de cobranças pela sociedade, instituição e pelo próprio indivíduo que podem provocar sentimentos como desapontamento, irritabilidade, preocupação e impaciência durante a graduação (11,12).

Atualmente, muitas universidades da área de saúde estão adotando metodologias ativas como forma do processo/aprendizagem. A metodologia ABP (Aprendizado Baseado em Problemas), tem como filosofia pedagógica o aprendizado centrado no aluno, onde ele é o responsável por seu aprendizado (13).

Diante da magnitude desta problemática e tendo conhecimento de que ansiedade e depressão em estudantes universitários é um problema de saúde pública, este estudo torna-se relevante na medida que fortalece mecanismos e ações em saúde mental dentro da universidade, no âmbito educativo e preventivo. Diante do exposto, o estudo tem como objetivo, avaliar a presença de sintomas de ansiedade e depressão nos estudantes universitários.

Método

Trata-se de um estudo com delineamento transversal e abordagem quantitativa, que foi desenvolvido norteado pela ferramenta STROBE.

A coleta de dados deu-se no período de setembro/2018 a novembro/2019. Ocorreu na sala de cuidados do Campus Universitário Prof. Antônio Garcia Filho. Esta sala trata-se de um ambiente de cuidado, onde são oferecidas três práticas integrativas: o reiki, a massoterapia e a auriculoterapia.

Os atendimentos são oferecidos semanalmente das quartas às sextas-feiras, no horário de oito às doze horas da manhã.

A amostra foi não probabilística por conveniência, a pesquisa envolveu todos aqueles que apareceram na sala de cuidados. Fizeram parte do estudo discentes dos oito cursos oferecidos no Campus de Lagarto, que se enquadraram no critério de inclusão e aceitaram participar da pesquisa mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Os critérios de inclusão foram: ser acadêmico da UFS dos cursos de Medicina, Enfermagem, Farmácia, Odontologia, Nutrição, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e estar sendo atendido na sala de cuidados. Como critérios de exclusão acadêmico da UFS da área da saúde que esteja fazendo algum tipo de tratamento psiquiátrico farmacológico e/ou que possua problema psiquiátrico diagnosticado.

Os questionários foram entregues aos alunos sem tempo estimado para preenchimento. Como instrumento, foi utilizado um questionário que foi dividido em duas partes: uma ficha de caracterização do perfil sociodemográfico e clínico e um instrumento contendo uma escala de autoavaliação de ansiedade e depressão.

A ficha de caracterização incluiu dados como: idade, sexo, procedência, residência, prática de atividade extracurricular, lazer, religiosidade, curso, período, grau de satisfação com o curso, situação econômica, queixas, entre outros.

A escala de auto avaliação para sintomas de ansiedade e depressão utilizada foi a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (14), traduzida e validada no Brasil (15). Esta escala consiste em um instrumento de autopreenchimento, contendo 14 questões de múltipla escolha, composta de duas subescalas intercaladas: uma para ansiedade-estado (7 questões) e outra para depressão-estado (7 questões). Através de valores definidos, as subescalas podem indicar presença de desordens de ansiedade ou depressão em níveis: 0-7 (normal), 8-10 (leve), 11-14 (moderado), 15-21 (severo). A escolha dessa escala, foi devido a sua fácil aplicação, já que possui apenas 14 questões intercaladas de ansiedade e depressão e sua boa sensibilidade (70,8% a 80,6%) e especificidade (69,6% a 90,9%) quando comparada à Escala de Ansiedade de Beck (EAB) e à Escala de Depressão de Beck (EDB), ambas consideradas padrão-ouro (16).

Seguindo a Resolução N° 01, de 13 de junho de 1988 do Conselho Nacional de Saúde, a presente pesquisa apresenta risco mínimo, uma vez que está inclusa no seguinte critério: “são estudos que empregam técnicas e métodos retrospectivos de pesquisa e aqueles em que não se realiza nenhuma intervenção ou modificação intencional nas variáveis fisiológicas ou psicológicas e sociais dos indivíduos que participam no estudo, entre os quais se consideram: questionários, entrevistas, revisão de prontuários clínicos e outros, nos quais não se identifique nem seja invasivo à intimidade do indivíduo” (17,18).

Os dados coletados foram organizados e tabulados no programa Excel, versão 2016 e em seguida foram inseridos no programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS Inc., Chicago, IL, USA) 17.0 para análise estatística. O pacote utilizado foi o IBM® SPSS - Statistical Package for the Social Sciences 20.0 Mac (SPSS 20.0 Mac, SPSS Inc., Chicago, Illinois, EUA).

Variáveis categóricas foram expressas em frequências e porcentagens; já as contínuas, em médias e desvios-padrão (DP). As associações foram investigadas por meio do teste Qui-quadrado entre as variáveis categóricas. Estimou-se a Razão de Chances (Odds Ratio - OR) como medida de associação e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%) com uso do método de Mantel-Haenzel. Em todos os casos foi adotada significância de 5%.

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assegura que a participação é voluntária e o participante tem a liberdade de retirar o seu consentimento a qualquer momento, sem que isso traga prejuízo. E que as informações serão utilizadas somente para fins científicos. Todos os participantes envolvidos na pesquisa foram informados dos objetivos, concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Esse projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de Sergipe com parecer N° 2.801.713 seguindo a Resolução Nº 466, de 12 de dezembro de 2012 (19).

Resultados

Foram preenchidos 170 questionários, a média de idade dos participantes foi de 20 anos. A maioria do sexo feminino (70,6%), solteiro (97,6%), sem filhos (95,2%), onde 56,4% vivem com a família e que possui em média 5 membros. Entre os que exerciam algum trabalho ou estavam empregados (7,2%) e que não trabalham (92,8%), sendo que não tem renda fixa (82,6%) e alguns são bolsistas (13,2%). Dos que relataram morar em Lagarto foi equivalente a 64% e 36% em outros municípios.

Ademais, dos participantes que informaram não participar de nenhum grupo social, obteve-se um valor de 72,1%, os que participam (27,3%) são de grupos religiosos (20%), de educação (3,6%), saúde (1,8%), dentre outros.

Os cursos predominantes foram fisioterapia (23,5%), enfermagem (14,7%), medicina (12,4%) e odontologia (11,8%). Cursando o primeiro período (18,2%), segundo período (37,6%), terceiro período (18,8%) foram os que mais frequentaram a sala de cuidados, e os últimos períodos foram os de menor procura, sendo o nono e décimo períodos com 0,6%.

No que se refere às características relacionadas ao curso, 16,5% relataram que perderam algum módulo durante a graduação, mas são satisfeitos com o curso (89,8%) e com a metodologia abordada na universidade (81,3%).

As características relacionadas à qualidade de vida mostram que 57,8% praticam atividade física, as queixas que levaram a procurar atendimento na sala de cuidados foi dor (41,1%), ansiedade (37,5%), estresse (20,2%), sonolência (8,3%) e outros sintomas (17,3%). Muitos acreditam que a queixa relatada tem a ver com a metodologia ativa (60,9%).

Para a Escala de Depressão e Ansiedade Hospitalar os valores para análise são de 0-7 considerado normal, 8-10 discreto, 11-14 moderado e 15-21 severo. No que corresponde aos sintomas de depressão (Gráfico 1), a escala revela que a maioria se apresentou normais ou sem sintomas [107, (63%)], seguidos por sintomas discretos [48, (28%)], moderados [14, (8%)] e severos [1, (1%)]. Comparativamente aos sintomas depressivos, houve maior índice nos sintomas de ansiedade: moderados [62, (36%)], discretos [49, (29%)], normais ou sem sintomas [37, (22%)] e severos [22, (13%)].

A respeito das queixas relatadas, 58,9% dos participantes referiram que não existe, em suas concepções, relação entre os sintomas de ansiedade e dor, porém 41,1 % acreditam que exista uma associação entre os sintomas. Todavia, de acordo com a análise estatística (Tabela 1) e considerando o valor de p < 0,05, obteve-se um p de 0.046 na amostra em estudo, o que revela a significância pertinente entre os sintomas. Aqueles estudantes que sentem algum tipo de dor, possuem 2,1 vezes mais chances de serem classificados como ansiosos, com um intervalo de confiança de 1- 4,5.

A relação dos sintomas de ansiedade com as queixas relatadas de ansiedade, considerando o valor de p< 0,05 obteve um valor de p extremamente significativo < 0,001, mostrando que 56,1% dos estudantes considerados ansiosos pela escala aplicada relataram queixas de ansiedade.

Alguns estudantes relataram que as queixas não tinham relação com o método (39,1%), no entanto, identificou-se uma forte associação no grupo de sintomas de ansiedade entre as queixas relatadas e o método p< 0,001 e no grupo de sintomas de depressão p= 0,013.

Quanto aos sintomas de depressão associar-se à quantidade de módulos perdidos, a Tabela 2 revela que 28,1% dos estudantes que já perderam algum módulo durante a graduação, possuem 3,8 vezes mais chances de desenvolver depressão segundo a escala, intervalo de confiança de 1,6-8,8. Com um valor de p (0,001) representa extrema significância. Considerando o valor de p< 0,05, obteve o valor de p (0,031) para a associação de depressão com outras queixas. A análise mostra que 25,4% dos estudantes depressivos associam a depressão com outras queixas, e 87,6% apresentam que não possui relação.

Discussão

Dentre os 170 questionários, norteando para as associações de ansiedade e depressão relacionados a sintomas e fatores associados a univerdade, foi possível notar que 28% dos estudantes apresentaram ansiedade discreta e 36% apresentaram sintomas de depressão moderados, dados que são significativos e relacionam-se com a universidade.

Estudo realizado afirma que, a prevalência de depressão e ansiedade entre os estudantes da área da saúde foi muito superior à de estudantes de outras áreas e da população em geral no Brasil, sendo o sexo feminino o mais acometido (20).

Segundo Silva( 21), no início da vida adulta, a prevalência de depressão e ansiedade é duas vezes maior no sexo feminino, taxas superiores às masculinas desde a adolescência, quando costuma ocorrer o primeiro episódio. A literatura não discute com nitidez sobre agentes causadores ou relacionados à vulnerabilidade feminina para ansiedade e depressão, especialmente no que diz respeito ao contexto universitário (22), entretanto, Keita (23) aponta que as mulheres passam por situações até hoje frequentes e de diferentes tipos de eventos negativos, como abuso físico, verbal e sexual, pobreza e discriminação de gênero.

Ibrahim et al. (24) refere que alguns estudos apontam a prevalência de ansiedade em universitários variando entre aproximadamente 63% e 92%. De acordo com Fernandes et al. (11) a prevalência média de depressão nos universitários é de 30,6%, enquanto na população não universitária é de aproximadamente 10%.

No estudo de Leão et al. (20) a prevalência de ansiedade foi de 36,1%, variando entre 52,4% para o curso de Fisioterapia e 25,9% para o curso de Medicina. Considerando os diferentes cursos e o nível de depressão, as formas leves foram mais prevalentes no curso de Enfermagem (83,3%), moderada no curso de Fisioterapia (30%).

A maior parte dos acadêmicos acreditam que as queixas referidas: dor, ansiedade, estresse, outros sintomas e sonolência tem a ver com a metodologia aplicada no Campus.

A metodologia ABP (Aprendizado Baseado em Problemas), tem como fundamento pedagógico a aprendizagem centrada no aluno, onde ele é o ser ativo, responsável por seu aprendizado. Além disso, há exposição dos alunos geralmente em grupos, a ambientes diversos de aprendizagem, com contato precoce com o paciente e comunidade adscrita (13).

Segundo Silva, outrossim, existe uma diferença marcante na forma de avaliação do aluno nos dois métodos. No tradicional, se dá através de provas descritivas (25) Enquanto que no ABP além da avaliação tradicional, há também uma avaliação conhecida como formativa, onde o aluno é avaliado diariamente em alguns aspectos, podendo citar a pontualidade, participação, responsabilidade, atitude, habilidade, comunicação, senso crítico, capacidade de autoavaliação, entre outros, tornando-se um método eficaz, contudo, também pode ser um gatilho para sintomas ansiosos e depressivos (26).

Os resultados relacionados à Depressão segundo Martíns et al. mostraram que 49% e 35% dos alunos no 7º e do 1º período, respectivamente, possuíram escore de “possíveis” e “prováveis”. Já relacionado a sintomas ansiosos, os alunos do 1° período apresentaram 32% para possível e 29% provável ansiedade e associado ao 7º período, 52% são improváveis. Além disso, 38% dos alunos do 1º semestre alegaram dificuldade de “sentar-se e se sentir relaxado”, sendo o 7º semestre com 25%. Na abordagem sobe “sensação de pânico”, este índice chegou a 44,15% no 1º semestre (27).

Em relação à dor, do ponto de vista psiquiátrico, tal associação (dor e transtorno mental) pode ocorrer quando o transtorno: provoca o aparecimento de condições físicas que causam dor; piora a condição dolorosa, evento comum nos quadros de depressão; é secundário ao aparecimento de dor física, propiciando condições para que o transtorno psiquiátrico aflore; ou pode apresentar como queixa a dor (28).

No que diz respeito a alteração no ciclo sono-vigília relatada pelos discentes, a qualidade do sono dos estudantes tem sido a cada vez mais alterada, evidenciando que 75% dos universitários aportam problemas de sono ocasionais como dificuldade em adormecer, distúrbios de sono e sonolência diurna excessiva (2).

No estudo de Brasil e Pondé (29) foi evidenciado que o fator mais influente ao sono dos estudantes universitários foi o estresse. Para Bayram e Bilgel (30) os fatores que mais interferem a qualidade do sono são a tensão e a ansiedade, o que vai de encontro com o estudo de Pinho(1) que refere que quanto maiores são os níveis de depressão pior é a qualidade do sono.

Foi possível observar diferenças em qualidade de vida entre os universitários que residiam com a família e aqueles que se deslocaram para outras cidades para completarem seus estudos. Ou seja, é possível notar que os alunos que não saíram da casa da família faziam uma melhor gestão do seu tempo, dormiam melhor, faziam mais exercícios físicos, tinham menores níveis de ansiedade e relações sociais mais satisfatórias (31).

Conclusão

O número de ansiedade de discreta a moderada, presente nos estudantes universitários, foi bastante significativo, e isto pode estar associado ao estresse e pressão provocados durante a graduação e também com a metodologia ativa implantada no campus.

Em relação à depressão o maior índice foi com sintomas discretos, por isso é importante à investigação de casos tanto de depressão quanto ansiedade para um efetivo acompanhamento. Diante do crescimento do sofrimento psíquico e da prevalência de ansiedade e depressão, é necessário conhecer a prevalência desses casos para subsidiar a implementação de intervenções voltadas aos estudantes universitários.

O estudo limita-se pela adesão dos estudantes a frequentar a sala de cuidados, pois, dada a importância do assunto abordado e quantitativos de estudantes no campus poderia obter uma investigação mais ampliada.

A problemática em torno da saúde mental em jovens, principalmente universitários, é de extrema relevância no âmbito da saúde. Espera-se que essa pesquisa possa retratar a realidade local e colaborar para a disseminação de medidas de acompanhamento e orientação voltadas para o enfrentamento dos principais sofrimentos psíquicos que atingem os universitários.

Financiamento

Nenhum.

Conflito de interesses

Nenhum.

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